O sistema natural de leitura e escrita para pessoas com deficiência visual é essencial para a alfabetização de pessoas cegas
No dia 8 de abril comemora-se o Dia Nacional do Braille, em vigor desde 2010. Este é o sistema que transformou a vida das pessoas cegas por garantir acesso à informação por meio da combinação de pontos em relevo. A data representa o dia de nascimento de José Álvares de Azevedo, o primeiro professor cego brasileiro. Cego desde que nasceu, ele estudou o método em Paris e, de volta ao Brasil, passou a ensiná-lo e a difundi-lo, recebendo o título de "Patrono da Educação dos Cegos no Brasil".
Segundo Regina Oliveira, Membro dos Conselhos Iberoamericano e Mundial do Braille e coordenadora da revisão de materiais em braille na Fundação Dorina Nowill para Cegos, a verdadeira educação das crianças cegas só acontece quando elas podem dispor de livros em braille que contenham a representação dos símbolos de Matemática, Química, Física e outras ciências, a adaptação de gráficos, mapas, tabelas e figuras geométricas que lhes forneçam as mesmas informações oferecidas aos alunos que enxergam, além de propiciar-lhes a fixação da ortografia da língua portuguesa e de outros idiomas.
“Os textos escritos estão constantemente presentes na vida das pessoas que enxergam por meio de outdoors, manchetes que podem ser lidas nas bancas de jornal e revista, legendas de filmes e de outros programas de televisão, além de tantas outras situações do cotidiano. Já as pessoas cegas, lêem apenas os textos em braille que lhes chegam às mãos”, explica Regina, que reforça que a alfabetização em braille proporciona a leitura sem intermediários, independente.
Ela comenta ainda que mesmo diante de um computador, as pessoas que enxergam continuam a ter um contato direto com a linguagem escrita, enquanto as pessoas cegas apenas ouvem. “Devemos também considerar que, para aqueles que gostam de ler, nada substitui o prazer de ter um livro entre as mãos, sentindo-lhe o cheiro, virando-lhe as páginas em busca de novas revelações ou voltando-as para reviver as sensações agradáveis do que já foi descoberto”.
Sobre o braille
Louis Braille nasceu em 4 de janeiro de 1809, ficou cego durante a infância e, em 1825, aos 16 anos, apresentou a primeira versão de um sistema de escrita e leitura que mudou a vida das pessoas cegas em todo o mundo. Baseado na combinação de seis pontos dispostos em duas colunas e três linhas, o Sistema Braille permite a formação de 63 caracteres diferentes, que representam as letras do alfabeto, os números, a simbologia científica, musicográfica, fonética e informática. Esse sistema adapta-se perfeitamente à leitura tátil, pois os seis pontos em relevo podem ser percebidos pela parte mais sensível do dedo com apenas um toque. A leitura do braille é feita da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos. Algumas pessoas ganharam tanta prática em ler braille que conseguem ler até 200 palavras por minuto. O Sistema Braille chegou ao Brasil em 1850, pelas mãos do jovem cego José Álvares de Azevedo, mas foi a partir da década de 1940, com a criação da Fundação para o Livro do Cego No Brasil - a atual Fundação Dorina Nowill para Cegos - que a produção de livros nesse formato ganhou força.
Cenário brasileiro
Segundo os novos dados do censo 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste mês, existem no Brasil 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, possíveis leitores e admiradores de diferentes gêneros da literatura. Destes, 582 mil são cegos e 6 milhões têm baixa visão ou visão subnormal.
Curiosidades
Você sabia?
- O Braille foi criado por Louis Braille, na França, há 190 anos e continua se adaptando a toda a evolução da escrita;
- O Dia Mundial do Braille é comemorado em 04 de janeiro, data de nascimento de Louis Braille;
- O sistema Braille é um método de escrita e leitura baseado no tato;
- O Braille é a combinação de seis pontos que formam 63 caracteres em relevo;
- A cela braille é formada por duas colunas de três pontos;
- Há combinações para a representação de letras, números, símbolos científicos, notas musicais, fonética e informática;
- Nem toda pessoa cega lê o braille e isto se dá por diferentes motivos: perda visual na idade adulta, falta de sensibilidade no tato por diferentes patologias;
- O braille é utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, e a leitura é feita da esquerda para a direita, utilizando-se uma ou ambas as mãos;
- Cada caractere do Sistema Braille pode ser percebido com apenas um toque da parte mais sensível do dedo indicador (a polpa);
- Cada página em tinta corresponde a aproximadamente três páginas em braille;
- Os livros em braille devem ser preferencialmente transcritos em papel sulfite de gramatura 120;
- O Sistema Braille obedece a regras internacionais de altura do relevo e de distância entre pontos, entre "celas" e entre linhas;
- O braille também pode ser escrito à mão, utilizando uma ferramenta chamada reglete e outra chamada punção, que funcionam como caderno e caneta;
- A escrita manual deve ser feita da direita para a esquerda para garantir o relevo ao virar o papel que foi puncionado;
Sobre a Fundação Dorina Nowill para Cegos
A Fundação Dorina Nowill para Cegos atua há 70 anos para facilitar a inclusão de crianças, jovens e adultos cegos e com baixa visão, por meio de serviços gratuitos e especializados de reabilitação, educação especial, clínica de visão subnormal e programas de empregabilidade. A instituição promove a leitura inclusiva por meio de uma Rede Nacional de Leitura Inclusiva e distribui livros nos formatos acessíveis para mais de 2500 mil escolas, bibliotecas e organizações em todo o Brasil.www.fundacaodorina.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário