Foi a maior taxa de recuo para um primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano anterior desde 2002; otimismo cresce entre empresários
As micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas chegaram ao fim do primeiro semestre de 2016 com redução de 13,2% no faturamento acumulado no período em comparação com os primeiros seis meses de 2015, já descontada a inflação. Foi a maior taxa de queda para um primeiro semestre em relação a igual intervalo do ano anterior desde 2002, quando as MPEs registraram recuo de 17,9% ante os seis meses iniciais de 2001. A receita total das MPEs no período foi de R$ 275,3 bilhões, apenas ligeiramente maior do que a registrada no primeiro semestre de 2009, ano da crise financeira internacional. As informações fazem parte da pesquisa mensal Indicadores Sebrae-SP.
Os números são reflexo do fraco desempenho da economia brasileira. O crescimento do desemprego, a diminuição do rendimento real dos trabalhadores e a confiança em níveis históricos baixos - mesmo com a elevação observada ultimamente – reduziram o consumo e, consequentemente, os ganhos das MPEs.
Todos os setores apresentaram redução de receita superior a dois dígitos no primeiro semestre: a indústria teve queda no faturamento de 15,3%; os serviços, de 14,7% e o comércio, de 11,2%.
“Os resultados da receita dos pequenos negócios mostram que ainda falta muito para a economia voltar aos patamares de anos atrás, antes da recessão. Se os resultados seguem preocupantes, temos indícios de que a crise já pode ter batido no fundo do poço e agora estamos mais perto de pegar de volta o caminho do crescimento. Prova disso é que o faturamento dos Microempreendedores Individuais, categoria que tem abrigado muitos trabalhadores que perderam seus empregos, já diminuiu o ritmo de queda e o otimismo moderado voltou a fazer parte das conversas do dono da padaria, do restaurante, da oficina mecânica, do salão, da pequena indústria”, diz o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf.
Por regiões, a queda também foi generalizada. No confronto do primeiro semestre deste ano com o acumulado de janeiro a junho de 2015, o faturamento das MPEs da Região Metropolitana de São Paulo sofreu a maior baixa, de 15,3%. O município de São Paulo observou retração de 14,6% e no Grande ABC o recuo ficou em 14,5%. No interior do Estado a diminuição no indicador atingiu 10,9%, relativamente menos acentuada que nas outras regiões. Possivelmente o melhor desempenho de algumas culturas agrícolas relevantes, contribuiu para uma maior circulação de renda nesta região.
Considerado apenas o resultado de junho, o faturamento das MPEs paulistas caiu 11,4% ante igual mês de 2015. A indústria liderou a queda, -14%, seguida por serviços, -11%, e comércio, -10,8%.
“Os números mostram que o semestre foi ruim para as Micro e Pequenas Empresas de São Paulo. O mercado ainda enfraquecido retarda a retomada do consumo. Somente a partir da recuperação da economia é que os pequenos negócios vão conseguir se fortalecer”, afirma o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.
Empregos e saláriosDe janeiro a junho de 2016, houve redução de 2,6% no pessoal ocupado (sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados) nas MPEs do Estado ante o primeiro semestre de 2015.
No mesmo período, a folha de salários encolheu 5,3% e o rendimento dos empregados ficou 0,2% menor, já descontada a inflação.
MEIO primeiro semestre também foi ruim para os Microempreendedores Individuais (MEIs) paulistas. A categoria registrou queda de 20,8% no faturamento em relação ao acumulado nos primeiros seis meses de 2015. A receita total dos MEIs no período somou R$ 14,3 bilhões, o que significa R$ 3,8 bilhões a menos do que no acumulado de janeiro a junho do ano anterior.
Quem mais teve perdas foram os MEIs do comércio, cuja receita caiu 22,8%, seguidos pelos da indústria, com recuo de 22,5% no faturamento e pelos dos serviços, que viram seus ganhos diminuírem 18,2% no período.
Os MEIs da Região Metropolitana de São Paulo foram os que mais sofreram e tiveram perda de 23,9% no faturamento, na comparação do primeiro semestre de 2016 com o de 2015. Já os do interior viram seu resultado recuar 16,9% em igual comparação. Assim como as MPEs, o desempenho superior de culturas agrícolas importantes pode ter contribuído para movimentar a economia da região e minimizar o insucesso dos MEIs do interior.
Em junho de 2016, a receita dos MEIs retrocedeu 7,8% sobre junho de 2015 e caracterizou a 11ª queda seguida na comparação de um mês como o mesmo mês do ano anterior. Por outro lado, os recuos têm ficado menos acentuados nos últimos meses.
ExpectativaPara os próximos seis meses, 58% dos donos de MPEs afirmaram, em julho de 2016, esperar estabilidade no faturamento, praticamente a mesma proporção dos que tinham essa expectativa em julho do ano passado, quando 57% deram essa resposta.
No que se refere à economia, aumentou significativamente o grupo dos que falam em melhora: agora são 29% ante 12% de um ano antes. Também diminuiu significativamente o porcentual de quem crê em piora: eram 44% em julho do ano passado e agora são 15%.
Em relação ao faturamento do negócio nos próximos seis meses, 48% dos MEIs acreditam em melhora, um aumento de seis pontos porcentuais em relação aos 42% que tinham essa opinião em julho de 2015.
Sobre a situação da economia brasileira, assim como os proprietários de MPEs, houve aumento de MEIs falando em melhora: agora são 39%, ante 25% de julho de 2015. Também caiu bastante o número dos que preveem piora, de 47% em julho de 2015 para 16% agora.
A pesquisaA pesquisa Indicadores Sebrae-SP foi realizada com apoio da Fundação Seade. Foram entrevistados 1,7 mil proprietários de MPEs e 1 mil MEIs do Estado de São Paulo durante o mês de referência. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os MEIs são definidos como os empreendedores registrados sob essa figura jurídica, conforme atividades permitidas pela Lei 128/2008. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.